Resenha de The Way Of Kings, de Brandon Sanderson

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Brandon Sanderson é um consagrado autor estadunidense de fantasia e ficção científica; sua obra The Way of kings é o primeiro da série épica Stormlight Archive.

O planeta de Roshar é gerido por tempestades conhecidas como Highstorm. Por serem tão violentas e praticamente impossíveis de sobreviver a elas ao livre foi preciso que toda a fauna, a flora e a civilização se adaptassem para resistir a elas.

Rascunhos de um “axehound”, animal de estimação.

O resultado: Criaturas  incrustadas, árvores enormes com troncos quase de pedra, um ambiente com animais de pouca pelagem e muitos desertos.

Stormlight, palavra que dá nome à saga, também se refere a várias gemas colocadas em esferas de vidro que são usadas neste universo para muitas funções: da banalidade da iluminação ao comércio como moeda.

Roshar é um universo que gira em ciclos, marcados pelos eventos chamados Desolation. Apesar de conhecidos, não são muito bem lembrados ou registrados pela civilização, o que gera muitas dúvidas sobre mitos e historicidade dessa sociedade.

O assassinato de Gavilar Kholin, rei de Alethkar,atinge Roshar e sua morte inicia uma terrível guerra contra os Parshendi na região remota e traiçoeira das Shattered Plains.

Com uma impressionante precisão de narrativa, The Way of Kings nos apresenta a um interessante e cativante grupo de personagens e suas perspectivas, que inicialmente estão em cantos distantes geograficamente, mas suas histórias se interligam de forma majestosa até o final da narrativa.

Uma narrativa de vários herois

The Way Of kings é uma narrativa em terceira pessoa, aspecto que ajuda a trazer profundidade ao cenário geral e o que acontece com os personagens.

Sua trama, entretanto, se desenrola com base na perspectiva de vários personagens e não do narrador principal.

Kaladin

“I will protect those who cannot protect themselves.”

É impossível o leitor não se deixar levar por todos os capítulos de Kaladin Stormblessed desejando sempre mais ao final deles.

O rapaz de olhos escuros é um escravizado com grande rancor pelos nobres lighteyes.

Forçado a desistir de seu treinamento médico e ir à guerra com seu irmão, Kaladin acaba como escravo no exército do Highprince Sadeas trabalhando como bridgeman, carregando pontes de abismo em abismo para os exércitos cruzarem.

Aos poucos Kaladin começa a disciplinar os demais escravizados e prepará-los para sobreviver num ambiente hostil em que ninguém parece enxergá-los como seres humanos.

Certamente Kaladin é um dos personagens mais “quebrados por dentro” da literatura. O rapaz carrega, além de raiva, culpa e amargor, passando diversas vezes por abalos mentais que levam o leitor junto com ele.

Por outro lado, quem ganha destaque em sua narrativa é Syl, uma Spren que muitas vezes aparece como uma luz azul ou uma moça de vestido esvoaçante. Sylphrena atua muitas vezes como amiga, confidente e consciência de Kaladin.

Shallan

Must someone, some unseen thing, declare what is right for it to be right? I believe that my own morality — which answers only to my heart — is more sure and true than the morality of those who do right only because they fear retribution. (Jasnah to Shallan)

Shallan é filha mais nova de um Brightlord e surge na história como uma garota muito habilidosa em artes visuais, mas bastante caseira e de pouca vivência. A ruiva é forte, corajosa, espirituosa e disposta a aprender qualquer coisa para atingir seus objetivos.

Atormentada pela morte recente do pai, deixa seu lar para trás e parte na ambiciosa missão de ser pupila da princesa de Alethkar. Jasnah Kholin, por sua vez, é uma grandiosa acadêmica, vista como uma herege pelo alto escalão da igreja.

Acima de tudo, é graças a elas que o leitor aprende mais sobre os costumes sociais, filosóficos, históricos e religiosos desse universo. Simultaneamente, o próprio autor utiliza Jasnah para, sutilmente, ir interligando os pontos que formam a constelação que é The Stormlight Archive.

Dalinar

“Life before death. Strength before weakness. Journey before destination.”

Dalinar é irmão do falecido rei e comanda um dos exércitos que luta nas Shattered Plains. Blackthorn, como também é conhecido, um grande guerreiro, inigualável por qualquer um e possuidor de uma shardbeares – artigo muito valioso no universo de Stormlight.

No entanto, Dalinar mudou muito desde a morte de seu irmão. Essa mudança é vista como uma fraqueza pelos outros nobres ao seu redor e pode causar muitos problemas a ele e sua família.

Atormentado pelas Highstorms, ele começa a receber visões do passado com os lendários Knights Radiant sempre que elas chegam. Visões que testarão sua sanidade e bom senso.

Em busca de respostas e de entender seu falecido irmão, se vê extremamente interessado em um texto antigo chamado The Way of Kings.

Simultaneamente, precisará lidar com um atual rei mimado e paranoico, além de Highprince que buscam aproveitar-se do momento político frágil para terem vantagens.

Conclusões

O tamanho do livro – e da Saga que tem o planejamento de duas fases com cinco livros em cada – pode ser intimidador: são mais de mil páginas cada volume.

Em contrapartida, aqui temos alta literatura do gênero fantasia e não há como se arrepender de embarcar nessa leitura.

Brandon Sanderson faz uma criação de mundo genial! Destacam-se os aspectos culturais que refletem sobre religiosidade, trazem reflexões sobre elitismo e toda a abordagem sobre costumes de gênero. Além disso, é um livro recheado de personagens cativantes e sua ascensão de clímax que não pode ser encontrada em uma narrativa qualquer.

Novos leitores brasileiros já podem comprar O Caminho dos Reis, pois sua versão em língua portuguesa chegou ao Brasil ainda nesse ano de 2022.

Para o leitor que quer praticar o inglês, não é uma leitura fácil, mas não é impossível.

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